sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Aconteceu no Campus: Vídeo-Debate - Filme: “Pacificação? As UPP’s e a violência no RJ”.

Aconteceu no dia 21 de agosto, às 14h30min, no Auditório do Campus Niterói, o vídeo-debate sobre o filme “Pacificação? As UPP’s e a violência no RJ”. O evento foi organizado pelo Departamento de História, pelo Coletivo Cinestesia e pelo Laboratório de Humanidades do Campus - LabHum. O documentário, dirigido pelo professor de História do Colégio Pedro II, João Braga Arêas e produzido em conjunto com alunos do Colégio, todos do Campus São Cristóvão III, foi exibido. A seguir, iniciou-se um debate conduzido pelos convidados João Arêas, André Constantine, morador da favela da Babilônia, o rapper Mc Fiel, morador do Morro Santa Marta, além de discentes, docentes e servidores da escola.      
João e os alunos compõem o grupo “Cinema Crítico CP2”, criado em 2014 pelo próprio professor. Na reunião inaugural, estudantes e professores escolheram temas que geraram dois filmes: “As eleições e as ruas” (2015) e “Pacificação? As UPP’s e a violência no RJ” (2017).
João Arêas contou, em conversa pré-evento, que o documentário foi produzido de 2014 a 2017, e que a ideia era a de levar os alunos para ver o mundo. Arêas falou que visitou diferentes favelas com os estudantes - com o consentimento de seus responsáveis -, como a Babilônia, Rocinha, Cidade de Deus, Providência, Santa Marta, dentre outras, onde tiveram a oportunidade de conversar e de entrevistar várias pessoas. Disse, inclusive, que o convidado para o debate André Constantine, ele e os alunos conheceram numa das idas ao Morro da Babilônia. O professor mencionou, ainda, que os alunos participaram de todas as etapas da produção do filme: entrevistas, decupagem, filmagem, edição de vídeo. “A ideia era a de promover encontros e conversas e, no processo, gerar o filme que a gente está divulgando agora, com um tema tão importante - violência urbana - que mobiliza muito as pessoas. A gente queria uma coisa com esse fundo para as pessoas trocarem ideias”, salientou. “Nós continuamos com outros projetos, o próximo tema é “Mensagens ideológicas nos filmes de super-heróis, com previsão de conclusão para 2020”, finalizou.
Após a exibição do filme, os convidados André Constantine e o rapper Mc Fiel abordaram assuntos ligados, direta e indiretamente, ao documentário e às suas vivências pessoais. André abordou temas como o racismo, a intolerância, o medo da violência e o ódio, o processo de implementação das UPP’s, as drogas e os armamentos nas favelas, a “indústria do medo”, que fatura milhões com a venda de produtos e serviços ligados à segurança, o que é real, ou não na mídia, sobre segurança pública e a defesa do diálogo constante na sociedade. “A ideia é que, através desse filme, nós possamos juntos construir uma outra cidade. Uma cidade para todos, uma cidade sem muros. Porque existe um muro que foi construído nesta cidade com mãos de ódio, com mãos racistas e com mãos de intolerância. Agora, as mãos que vão derrubar esse muro são mãos de amor, de coletividade, de solidariedade. Nós estamos chamando todo mundo para derrubar o muro que divide a cidade e construir uma cidade para todos, mais justa e igualitária. Ninguém nasce racista. As pessoas são condicionadas a serem racistas”, comentou.
Fiel falou sobre as UPP’s nas comunidades, se aprofundando um pouco mais, e trouxe exemplares da sua cartilha de abordagem policial, feita em 2006, que foi a primeira do estado do Rio de Janeiro e cujo objetivo é o de alertar os moradores de favelas sobre o que a polícia pode e o que ela não pode fazer. O rapper disse ter conseguido, com o seu lançamento, conter muita violência, mas também ter visto seu índice aumentar. “Nesse projeto da UPP, eu fui preso por fazer essa cartilha, fui espancado”, contou. Mas Fiel afirmou que a mesma, por esclarecer, ajuda a salvar vidas.  
“Vamos ter a segurança dialogada entre nós. E não uma segurança que, muitas vezes, alguém que não está dentro da favela está implantando para você. A segurança que eu quero é uma segurança livre de preconceito, de racismo, que se discute, com menos armas. Eu quero segurança com arte, com educação, com escola de qualidade”, concluiu Fiel.
“Nós estamos aqui a convite, com muito prazer. Eu acho muito importante a exibição desse filme e poder contar um pouco mais da nossa experiência para esses alunos. Eu costumo dizer que nós estamos plantando sementes revolucionárias. E cada semente tem um tempo. Umas germinam mais rápido, outras menos, o importante é que um planta a semente, outro vai regar, outro vai adubar e, no tempo certo, eu tenho certeza que essa semente revolucionária que eu e Fiel estamos plantando aqui hoje junto com o João, no tempo certo, vai germinar”, finalizou André.
Em seguida, abriu-se espaço para perguntas e comentários.

Confira abaixo algumas fotos/ imagens do evento.

Cartaz de Divulgação do evento no Campus.

Capa da Cartilha de Abordagem Policial feita pelo rapper 
Fiel, direcionada aos moradores do Santa Marta.
Alunos assistindo ao documentário.


André Constantine, morador da Favela da Babilônia, em fala durante debate após reprodução do filme; à esquerda, de amarelo, o professor e diretor do filme João Arêas; à direita, de boné preto, o rapper Fiel. 









Alunos debatendo com os convidados.

Rapper Fiel em fala durante debate com os alunos.
                    



Fiel distribuindo a cartilha de abordagem policial para os alunos.
Alunos fazendo perguntas aos convidados.
Fiel falando sobre a cartilha.




Departamento de História - Colégio Pedro II
LabHum - Laboratório de Humanidades do Campus Niterói
Coletivo Cinestesia

Direção Campus Niterói
Assessoria da Direção Campus Niterói
Comunicação Campus Niterói